Eu conheci o ex-ministro Bresser-Pereira quando fui seu aluno, na EAESP-FGV. Naquele tempo, eu muito jovem, me empolguei e li todos os seus livros. Muito conversávamos e nessas conversas certa vez ele me disse que era um agente gramsciano. Assim, simples assim.
Seu último artigo na Folha é um exemplar acabado dessa neurose esquerdista (O ataque moralista da direita). Não apenas o autor revelou cegueira ideológica, como também cegueira fática. Pretendeu defender o governo Dilma Rousseff contra os supostos ataques da direita, recordando que Lula assumiu sob suspeição, mas que não levou à frente o antigo projeto petista de expropriar a burguesia.
Como analista, Bresser cometeu equívocos fatais. Não há direita política organizada no Brasil e os poucos quadros que ainda guardam alguma coisa disso estão militando em partidos esquerdistas. Um exemplo flagrante é o de Guilherme Afif Domingos, que aderiu sem peias ao projeto petista de manutenção do poder. Portanto, falar em direita política é fazer um exercício de saudosismo. Mais recentemente, a senadora Kátia Abreu, outrora direitista, mudou-se para a base do governo. A direita desapareceu sem deixar vestígio.
Enquanto agente gramsciano graúdo, Bresser-Pereira sabe disso muito bem. Ele lutou décadas por isso, militou, colocou o Departamento de Economia da EAESP-FGV a serviço da causa, transformando-o num eficiente instrumento para propagação da fé socialista. Mas por que Bresser-Pereira referiu-se à direita, como se ela ainda existisse?
Nenhum comentário:
Postar um comentário